sexta-feira, 5 de março de 2010

Ainda sobre o último "Sinais de Fogo"...

Voltando ao último "Sinais de Fogo" de Miguel Sousa Tavares (MST), o que intriga aqui é como se entrega o horário nobre de um canal televisivo a um mau profissional. A SIC tinha aqui uma óptima oportunidade de combater o previsível, aborrecido e parcial "Prós e Contras" para o qual já não há pachorra (outro programa que há muito entrou na minha lista de coisas a ignorar). Mas entregou a autoria dessa alternativa a alguém que se limitou a inventar um programa em que na primeira parte repete outra mais uma vez as opiniões que propaga até à exaustão noutros meios, e que na segunda faz uma espécie de monólogo irritante disfarçado de entrevista.

Independentemente de se gostar ou não do MST, há que ser honesto: ele mente nas suas opiniões, recheando-as de vários "factos" falsos, ora inventados ora exagerados ora deturpados. É também capaz de raciocínios completamente perversos como a história das crianças a propósito do tabaco, entre várias outras coisas ridículas. É legítimo que alguém assim dê a sua opinião, claro, todos temos direito à mesma. Ter espaço nos 'media' é uma questão de vender ou não. Ter um programa de informação já se exige um pouco mais, como, talvez, ser informativo? Ora não foi o que se passou. A primeira parte é a repetição das opiniões que propaga em tudo quanto é lado, como dito acima. Mais do mesmo, mas tudo bem, é uma decisão da SIC. A segunda parte é uma suposta entrevista. Uma entrevista significa colocar questões e ouvir as respostas. Não tem que ser imparcial, embora desse algum jeito, mas tem que ouvir e deixar ouvir aos espectadores o que o entrevistado tem a dizer, senão não faz sentido haver um entrevistado.

Em várias críticas ao programa dizia-se que tinha sido uma entrevista "à Manuela Moura Guedes" (MMG), mas discordo. Nem que seja pelo simples facto de que a MMG deixava os convidados responderem. Isto pareceu-me mais uma re-edição do estilo Margarida Marante, de quem o Sousa Tavares é um amigo confesso. De resto, chegaram a ter um programa de entrevistas conjunto que foi um fracasso de curta duração, com o mesmo estilo trauliteiro, que não contribui em nada para informar ou esclarecer o que quer que seja. A Marante entretanto caiu em desgraça e o que é certo é o que esse seu estilo de entrevista-lixo não mais voltou... até agora. O MST aqui fez lembrar-me um pouco o Herman José, quando tentou continuar a ter piada com os mesmos formatos do passado mas já ninguém lhe achava graça. Este formato de "entrevista" do MST já não funciona, se é que alguma vez funcionou. Para piorar há uma diferença enorme entre a Marante do passado e o MST de agora: a primeira preparava-se até à exaustão, havia o mito de que ela sabia mais de um dado tema do que o próprio convidado, na ânsia de o "apanhar" em directo. Mas aqui notou-se uma falta de preparação, dá ideia que o MST ficou relaxado, preguiçoso, demasiado crente na sua superioridade intelectual e senso próprio que já não precisa de fazer o trabalho de casa. É como se o Ronaldo achasse que por ser tão bom já não precisasse de treinar.

Acredito que a produção vá ter que negociar de algum modo com futuros convidados, sob pena de os não ter. Mas para mim já é irrelevante porque tornou-se em mais um programa para ignorar.

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