segunda-feira, 28 de julho de 2014

O falso mito de pagar menos.

Se todos pagarem, todos pagam menos”. Esta expressão deve ser um dos mitos urbanos mais popularizados pelos políticos em Portugal. Embora o pagamento por todos seja uma elementar questão de justiça, não é verdade que acontecendo isso, todos pagariam menos. A prova está nos factos históricos: mesmo com o alargamento da base fiscal, aumento dos valores de cobrança coerciva e recuperação de impostos, a carga fiscal continua a aumentar.

A expressão correcta é: quanto mais pagam, mais o estado gasta. Isto é simplesmente a lei de Parkinson mas com dinheiro em vez de tempo.


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Então e os jogos olímpicos?

Julho de 2014. Os últimos jogos olímpicos foram há 2 anos, em 2012. Onde andam agora os amantes do tiro ao arco, fosso olímpico e companhia?

O cenário repete-se a cada 4 anos. Acontecem os jogos olímpicos, Portugal envia uma delegação, a participação desportiva salda-se por maus resultados, e o país insurge-se… indignado contra a falta de brio e esforço e dedicação e tudo o mais dos atletas portugueses.

Por uns instantes parece que estamos perante os melhores adeptos do desporto olímpico. Não só acompanham as várias modalidades, como exigem medalhas! Isto num país tipicamente transparente no que a desporto diz respeito – exceptuando futebol e hóquei em patins. Ignoram que as medalhas são obtidas por atletas profissionais, participantes regulares em competições de elevado nível, o que contrasta com a generalidade do semi-amadorismo nacional, sem qualquer calendário desportivo minimamente competitivo face ao nível olímpico.

Mas os jogos acabam e rapidamente as modalidades olímpicas são devotadas ao seu tradicional desprezo em Portugal. Como agora.

Daqui a 2 anos há mais.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Oblak.

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Jan Oblak chegou ao Benfica em 2010, apenas com 17 anos. Durante 4 épocas esteve emprestado a outros clubes.

Lembro-me de ter reparado nele no União de Leiria (3ª ano e clube de empréstimo). Já na altura revelava bastante segurança e frieza. Creio que estas características se tornarão a sua “imagem de marca”.

Finalmente, através de um processo convoluto, foi integrado na equipa principal do Benfica na época passada, e aproveitou uma lesão de Artur, até então titular, para agarrar o lugar. Da baliza não mais vieram problemas.

Agora, num processo de sabor amargo para os benfiquistas, partiu para o Atlético de Madrid. Não tenho nada a criticar neste tipo de movimentos: cada jogador deve zelar primeiro pelos seus interesses, tal como cada clube deve zelar primeiro pelos seus. Qualquer um de nós faria o mesmo nos nossos contextos profissionais, havendo a oportunidade. Tenho pena que o Benfica o tenha aproveitado tão pouco tempo, contudo.


Sinais de envelhecimento?

Segundo a seguradora Engage Mutual, segundo a Sabado, existem 50 sinais que revelam o nosso envelhecimento.

Ei-los:

  1. Gemer quando se curva: nah;
  2. Dizer algo como “isto não era assim quando eu era novo”: nah;
  3. Dizer “no meu tempo…”: nah;
  4. Perder cabelo: yep, mas isso começou já quando era novo eheh;
  5. Não conhecer nenhuma das músicas que estão no top 10 das mais ouvidas: quais são mesmo? Ok, conta como um yep;
  6. Ficar mais peludo na orelhas, sobrancelhas, nariz, rosto: nah;
  7. Odiar locais barulhentos: yep, mas sempre assim foi;
  8. Falar muito sobre articulações e alimentos: nah;
  9. Esquecer-se do nome das pessoas: é bem capaz… um yepzinho;
  10. Preferir o conforto da roupa e sapatos em vez do estilo: yep. Mas mais uma vez, sempre assim foi;
  11. Pensar que os polícias/professores/médicos parecem muito novos: nah;
  12. Adormecer em frente da televisão: depende do que estiver a dar ein, mas ok… yep;
  13. Precisar de fazer uma sesta: dá bem vontade disso, yep;
  14. Descobrir que você não faz a menor ideia do que as pessoas mais novas estão a falar: nah – há conversas que são intemporais;
  15. Esforçar-se para usar tecnologia: nah;
  16. Perder o contacto com tecnologia do dia a dia como as televisões e tablets: nah;
  17. Começar a queixar-se de cada vez mais coisas: tem dias, tem dias… mas nah;
  18. Usar os óculos ao pescoço: nah;
  19. Não se lembrar do nome de nenhuma banda recente: nenhuma é exagero, mas não são muitas… yepzinho;
  20. Evitar levantar pesos com medo de ficar com dores nas costas: ainda não… nah;
  21. Queixar-se dos programas que dão na televisão: basta não ver… nah;
  22. Não saber onde pôs os óculos/carteira/chaves: estão sempre nos mesmos sítios… nah;
  23. Trocar a “Radio One” pela “Radio Two”: nem por isso, nah;
  24. Começar a conduzir bastante mais devagar: mais devagar, mas não bastante mais, nem sequer devagar (mas sempre respeitador das leis, claro), nah;
  25. Preferir passar a noite a jogar um jogo de tabuleiro do que ir sair à noite: não propriamente, mas percebo a ideia, um yepzinho;
  26. Passar a interessar-se por programas de antiguidades: nah, embora a componente histórica sempre me tenha interessado;
  27. Falar com colegas que são tão novos que não se lembram de coisas que para si são básicas: percebo a ideia, yep;
  28. Ir de chinelos para a casa dos amigos: definitivamente nah;
  29. Ouvir os Archers (programa de rádio): nah;
  30. Adormecer depois de um copo de vinho: nah, apesar de ser mais fácil adormecer que antes;
  31. Nunca sair para a rua sem o casaco: nah;
  32. Ficar extremamente feliz por receber meias no Natal: nah;
  33. Começar a perder peso cada vez mais devagar: ou começar a ganhar? yep;
  34. Ficar ofegante por uma chávena de chá: nah;
  35. Andar com um termo de café ou chá: nah;
  36. Juntar-se ao Women’s Institute (associação que organiza uma série de actividades para envolver as mulheres na comunidade): ??? nah;
  37. Interessar-se por jardinagem: nah;
  38. Gastar dinheiro em cremes anti-envelhecimento: nah;
  39. Preferir gastar dinheiro em coisas para a casa do que numa saída à noite: nunca apreciei especialmente saídas à noite, por isso yep;
  40. Passar a preocupar-se em escolher a roupa consoante o tempo que vai estar: nah;
  41. Colocar coisas do dia a dia fora do sítio (chaves, por exemplo): nah;
  42. Tornar-se obsessivo com o jardim ou em alimentar os pássaros do bairro: nah;
  43. Gostar mesmo muito de fazer puzzles ou palavras cruzadas: nah;
  44. Conduzir sempre na faixa da direita: excepto para ultrapassagens, como diz o código, yep;
  45. Pensar em ir num cruzeiro “sem miúdos” durante as férias: definitivamente yep;
  46. Sentir que as suas orelhas estão a ficar maiores: nah, embora a barriga esteja;
  47. Juntar-se ao National Trust (associação responsável por preservar atracções no Reino Unido, desde paisagens a palácios rurais): nah;
  48. Beber xerez: nah;
  49. Sentir-se no direito de dizer tudo o que lhe apetece, sem se preocupar em ser educado: nah.

… e reparar que uma lista de 50 itens só tem 49?

De qualquer forma, com 35 nãos vs 14 sims, não sei bem o que concluir, se é que havia alguma conclusão a obter.


segunda-feira, 21 de julho de 2014

The name is football.

O nome é football, ou convenientemente adaptado a cada língua: futebol, fútbol, Fußball, fotbal, fodbold, fotball, futbal, fotboll, futbol, …

O termo soccer é originário de Inglaterra. Deriva de football association + er. Além de Inglaterra, tornou-se popular noutros países noutros países de língua oficial inglesa, como o Canada, Estados Unidos ou Austrália, nos finais do séc. XIX, inícios do séc XX, a par de football.

O termo football acabou por se universalizar. De tal forma que quase todos os países se referem à modalidade como football ou pela sua versão nativa.

Estupidamente os EUA continuam a insistir no obsoleto soccer. Mais estúpido é constatar como essa insistência é forçada. Em 1913 a federação de futebol americana era criada sob o nome America Foot Ball Association, em 1945 mudou o nome para United States Soccer Football Association, e em 1974 finalmente mudaram o nome para o actual United States Soccer Federation. Ou seja, quanto mais se universalizava o termo football mais eles sentiram necessidade de o transformar noutra coisa.


terça-feira, 15 de julho de 2014

FIFA WC2014: Messi, o melhor?

Ahah! Não sei como a FIFA ainda consegue fazer estas piadas… sem se rir.


Assembleia da República e custos...

Notícia do dia: “Impressão em 3D para o Parlamento custou 18 mil euros”.

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Ao contrário de muitas obras de arte, até acho esta de bom gosto. Mas não foi a presidente desta casa que questionou a trasladação do grande Eusébio para o Panteão Nacional por questões de custos?


domingo, 13 de julho de 2014

A banca do diabo!

Os primeiros “banqueiros” surgiram por necessidade, na antiguidade. Faziam a equivalência entre bens nos mercados, quando a troca directa era prática comum.

Com a adopção generalizada da moeda, rapidamente as pessoas começaram a fazer empréstimos entre si. Daí a aparecerem entidades para intermediar o processo foi um passo, e eis-nos perante os bancos.

Podemos dizer que o crédito é algo natural na sociedade humana. Já existia em comunidades históricas, na forma de crédito de serviços e bens. Por exemplo, alguém ajudava outrem na lavoura, esperando uma ajuda recíproca mais tarde. A moeda apenas serviu para quantificá-lo, tornando-o preciso.

O papel da banca como intermediário financeiro sempre foi aceite pela sociedade: havia uma imagem de rigor, segurança e isenção, o que fornecia a confiança necessária para que as pessoas entregassem os seus valores aos bancos.

Tornou-se, com o conluio dos governos, um ponto de paragem obrigatório a virtualmente qualquer cidadão, aumentando a sua dimensão de forma colossal. Com o tempo a banca evoluiu de forma absurda, tornando-se um negócio em si – oferecer empréstimos para comprar acções do próprio banco?

A banca como negócio não tem sustentação própria, a banca sustenta-se nos negócios externos que suporta.

A dimensão a que a banca chegou conjugada com demasiadas apostas falhadas e esquemas indevidos de remuneração, ignoradas pelos estados, levou a prejuízos enormes que todos agora temos de pagar. Isto para suportar uma banca da qual nos fomos tornando dependentes.


Trim, trim...

Casos da vida.

  • Toca o telemóvel, e reparo que se trata de um número que não conheço. Atendo, é engano.
  • Pouco depois volta a tocar. Atendo e digo (constato!) que trata-se do mesmo número para que acabou de ligar.
  • Pouco depois volta a tocar… Desta vez rejeito a chamada.
  • Isto repete-se umas 4 ou 5 vezes até que desligo o telemóvel.

Nunca entendi a confusão que algumas pessoas fazem com os números de telefone. Um engano na marcação ou outro tipo de confusão é normal, mas insistir irracionalmente na coisa não. Este tipo de peripécias acontece recorrentemente. Até já cheguei “a ser” um distribuidor da Olá.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Tribunal Constitucional é o novo Cavaco, Sampaio ou Soares.

Ao longo da actual República, de um modo geral, os governos com maioria absoluta coexistiram com presidentes antagónicos politicamente.

Desde Cavaco:

  • Cavaco, 1985-1995, vs Mário Soares;
  • Guterres nunca formou governo sustentado por maioria absoluta no parlamento;
  • Durão/Santana, 2002-2005, vs Jorge Sampaio;
  • Sócrates, 2005-2011, vs Cavaco Silva.

Estes presidentes por várias vezes funcionaram como contra-poder ao Governo, ora vetando leis, ora mandando os famosos recados ou até remoques em intervenções públicas. “Há vida para além do défice”, dizia Sampaio, que chegou mesmo a dissolver a Assembleia da República (AR) sem qualquer razão plausível para tal.

Mas na corrente configuração Cavaco-Passos isso não existe. Cavaco é transparente à acção do Governo, não funcionando como contra poder. E é aí que entra o Tribunal Constitucional (TC). Todas as decisões de inconstitucionalidade tomadas pelo TC até agora foram opiniões subjectivas baseadas nuns poucos artigos genéricos da Constituição. Dois (2) na maioria dos casos! Ou seja, foram decisões políticas de contra poder.

O TC é a concretização possível de não ter “todos os ovos no mesmo cesto”, expressão usada copiosamente por Cavaco Silva nas eleições presidenciais de 1995, para impedir que o Partido Socialista acumulasse Presidência e Governo. Em 1995 isso acabou por não ser problema: Guterres nunca teve maioria na AR, funcionando este como equilíbrio de poder natural.

No fundo isto corresponde à ideia de bom senso que o poder não deve estar concentrado na mesma facção. Em Portugal isso assume especial significado, dado que recentemente escapámos a 48 anos desse modelo.

O grande problema de tudo isto é a falta de equilíbrio revelada por um regime que precisa de recorrer ao TC para encontrar equilíbrio político.


sábado, 5 de julho de 2014

FIFA WC2014: o sequestro da selecção.

A selecção da FPF não foi a primeira, nem será a última, a ser traída pela má forma da sua principal vedeta. Quem não se lembra do Brasil perder a final de 1998 por 3 golos sem resposta… e o subsequente confronto entre os jornalistas brasileiros e o seleccionador brasileiro. Os jornalistas inquiriam o seleccionador sobre a inclusão do Ronaldo, o melhor jogador do Brasil de então, apesar da sua má forma nessa altura.

Uma questão de estatuto

Quem diz que o estatuto não pesa apenas tenta fugir a uma realidade difícil de contornar. Quem faz parte de um núcleo estável, eleito – alegadamente – pelo mérito, ganha estatuto. E esse estatuto garante-lhes beneplácitos que não estão ao dispor de outros.

Uma questão de pragmatismo

Só que o estatuto não ganha jogos. O estatuto é um benefício de dúvida. Quando deixa de ser tratado como tal, passa a ser um sequestro de competência.

O que no fundo resume o que foi a selecção da FPF neste mundial.


quinta-feira, 3 de julho de 2014

FIFA WC2014: o que devia mudar.

O mundial de 2014 tem sido uma boa edição – malfadada a participação portuguesa –, mas há 3 coisas que gostaria de ver mudadas.

  1. erros graves de arbitragem

    Depois do vergonhoso Japão-Coreia 2002 a FIFA continua a insistir em enviar árbitros de segunda linha ao mundial. Na fase de grupos amontoaram-se os erros graves. A FIFA devia introduzir tecnologia para ajudar a decidir lances. Já se faz noutras modalidades, não faz sentido chegar a este nível e ver golos mal anulados ou penaltis por marcar (a alguns).

    O argumento “o árbitro também erra, tal como os jogadores” não faz sentido. Os jogadores são o que leva as pessoas aos estádio. Muitas vezes é o erro dos jogadores que faz o resultado e isso é o espectáculo. Ser o erro do árbitro a fazer o resultado é um infeliz efeito secundário.

  2. prolongamento sem substituições extra

    Há muito que as substituições se tornaram uma ferramenta. Permitem fazer alterações tácticas, refrescar a equipa, … Ora se existem 3 substituições permitidas durante o tempo normal (90 minutos), porque não permitir mais 1 quando há prolongamento (30 minutos)?

    O estado em que os jogadores terminam o prolongamento é lastimável.

  3. transmitir o jogo em directo nos painéis do estádio

    Acabem com isso, por favor. É confrangedor ver toda a gente no estádio a olhar para os painéis sempre que são focados. Aquilo são autênticas selfies feitas pelo realizador.

    O público quando se vê entra em histeria. A equipa está a ser goleada e prepara-se para ser eliminada? No problema, estamos no painel.

    E qual a primeira reacção dos jogadores quando terminam uma jogada – especialmente quando falham um lance? Verem-se no painel.

    Nem os treinadores e restante staff técnico resiste à tentação.

    No apogeu da geração das redes sociais, da geração do eu, pôr um painel gigante com gente a ser focada é um maneirismo.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

História mal contada.

É costume dizer-se que a História é escrita pelos vencedores1, embora isso não seja sempre verdade. O que há é nações que vendem melhor a sua versão. Neste particular, Inglaterra primeiro, e Estados Unidos mais tarde, são verdadeiros marketeers de História.

O curioso é como os outros países alinham. Por exemplo, o episódio da “Armada Invencível” é totalmente mal contado no ensino de história em Portugal, que conta a versão parcialmente deturpada, parcialmente inventada, dos ingleses.


  1. George Orwell escreveu esta frase, mas existem várias expressões semelhantes atribuídas a diferentes pessoas, juntamente com dizeres de origem e data incerta.