segunda-feira, 21 de março de 2011

A figura abstracta dos mercados

É comum a existência de uma figura indeterminável para justificar ou condicionar coisas: o sistema, o estado, a sociedade, os portugueses… Agora temos uma nova: os mercados. De há um ano para cá o país passou a ser gerido a toque dessa figura abstracta chamada os mercados, assim mesmo, com o artigo.

Tudo se faz em nome dos mercados, para os agradar. Só que o problema é que ninguém os conhece, ninguém sabe quem são, como reagem, nem a que reagem. Infelizmente esta constatação óbvia não é suficiente para inibir pessoas de continuarem a invocar a agradabilidade dos mercados como factor de decisão: o presidente tinha que ser eleito à primeira volta, o orçamento tinha de ser aprovado, não pode haver crise política — leia-se, novas eleições, novo governo — , devem ser lançadas medidas de austeridade, devem ser reforçadas medidas de austeridade…

Tudo em nome dos mercados. Tudo falhando. Invariavelmente.

Até hoje nunca os mercados reagiram positivamente a qualquer das medidas tomadas em seu nome. Já se acabava com a charada!


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