terça-feira, 24 de janeiro de 2012

IRS e os dependentes a mais.

Ontem soube-se que no primeiro ano em que passou a ser exigido o NIF dos dependentes nas declarações do IRS, estes diminuíram cerca de 100 mil face ao ano anterior. Enquanto a notícia circulava o mote ia-se espalhando: fraude. Milhares de pessoas ao longo dos anos declararam dependentes que não existiam para obter benefícios fiscais.

Ora para mim essa conclusão não é assim tão linear. Se em 2009 havia 2173270 e em 2010 2061882 dependentes declarados, são menos 111388 num total de pouco mais de 2 milhões, ou seja, 5%. Não me admira que estes 5% possam ser pessoas que apenas tenham sabido tardiamente que precisavam do NIF dos seus dependentes, não tendo tempo para tratar do assunto antes de fazerem a declaração. Ou ainda de pais com declarações separadas em que ambos colocavam, julgando eles legitimamente, os filhos como dependentes.

Enfim, posso estar errado sobre isto, mas parece-me que a conversa das fraudes é algo exagerada. Já o facto de ter sido inquestionavelmente apontada como a explicação da redução, sem se ter pensado noutras hipóteses possíveis, é mais inquietante: um batoteiro pensa sempre como um batoteiro.


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