quarta-feira, 20 de abril de 2011

A ineficiência de um país...

Há dias precisei de um pequeno componente electrónico, que custa, p.v.p, algo na ordem dos 50 cêntimos. Fui a algumas casas da especialidade mas, entre diversas peripécias, não consegui obter o que procurava. Uma semana após o início das diligências, ainda sem a peça que procurava, fiz um ponto da situação:

  • 5 deslocações a lojas;
  • 4 euros em parquímetros;
  • 33km percorridos, por automóvel — aproximadamente 3,8 euros em gasóleo;
  • uma hora e meia de tempo directamente perdido com este assunto.

Achei que chegava e após uma curta pesquisa no ebay, encomendei a peça online. Por menos de 3 euros (40% para as peças — duas, número mínimo de encomenda — e 60% em portes) encomendei a peça exacta que procurava que “veio ter a casa” numa semana.

Ou seja:

  1. para obter uma peça de ~50 cêntimos, preciso de gastar no mínimo 6x esse valor em logística na opção mais barata… que consiste em importar online!
  2. a opção tradicional tem um prémio equivalente a 14x o custo da peça apenas em “logística”.

Conclusão: é mais fácil e barato encomendar peças chinesas do estrangeiro pela internet que comprar as mesmas peças chinesas em Portugal. E a culpa nem é apenas das lojas.

Claro que este caso é muito particular, mas deixou-me a pensar… tornou-se caro viver em Portugal. Passámos do país barato da Europa dos anos 80, para o país caro do século XXI. É caro andar de transportes públicos e exorbitantemente caro usar transportes privados. E como o princípio da “localidade” desapareceu — cada vez existem menos coisas à nossa volta, no nosso bairro — é necessário deslocarmo-nos para obter coisas, logo é caro obtê-las independentemente do seu custo.

O resultado líquido disto é que:

  1. pagamos um valor substancialmente elevado face ao valor real do que adquirimos;
  2. compramos mais do que o que precisamos;
  3. ficamos, enquanto consumidores, com “stock morto”.

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