Há dias precisei de um pequeno componente electrónico, que custa, p.v.p, algo na ordem dos 50 cêntimos. Fui a algumas casas da especialidade mas, entre diversas peripécias, não consegui obter o que procurava. Uma semana após o início das diligências, ainda sem a peça que procurava, fiz um ponto da situação:
- 5 deslocações a lojas;
- 4 euros em parquímetros;
- 33km percorridos, por automóvel — aproximadamente 3,8 euros em gasóleo;
- uma hora e meia de tempo directamente perdido com este assunto.
Achei que chegava e após uma curta pesquisa no ebay
, encomendei a peça online. Por menos de 3 euros (40% para as peças — duas, número mínimo de encomenda — e 60% em portes) encomendei a peça exacta que procurava que “veio ter a casa” numa semana.
Ou seja:
- para obter uma peça de ~50 cêntimos, preciso de gastar no mínimo 6x esse valor em logística na opção mais barata… que consiste em importar online!
- a opção tradicional tem um prémio equivalente a 14x o custo da peça apenas em “logística”.
Conclusão: é mais fácil e barato encomendar peças chinesas do estrangeiro pela internet que comprar as mesmas peças chinesas em Portugal. E a culpa nem é apenas das lojas.
Claro que este caso é muito particular, mas deixou-me a pensar… tornou-se caro viver em Portugal. Passámos do país barato da Europa dos anos 80, para o país caro do século XXI. É caro andar de transportes públicos e exorbitantemente caro usar transportes privados. E como o princípio da “localidade” desapareceu — cada vez existem menos coisas à nossa volta, no nosso bairro — é necessário deslocarmo-nos para obter coisas, logo é caro obtê-las independentemente do seu custo.
O resultado líquido disto é que:
- pagamos um valor substancialmente elevado face ao valor real do que adquirimos;
- compramos mais do que o que precisamos;
- ficamos, enquanto consumidores, com “stock morto”.
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